Tentei vestir hoje uma velha calça jeans. Era daquelas
favoritas, sabe? Tinha um lugar todo especial no meu coração. A calça perfeita
que levantava tudo: bumbum e autoestima. Não serviu mais. Mal passou nas coxas.
E faltaram três dedos para o zíper fechar.
Isso me aborreceu tanto. Quase chorei. Ela tinha sido tão
importante na minha vida, tão presente e companheira. Ah, se essa calça jeans
falasse, teria cada história para contar... Então era difícil acreditar que ela
não cabia mais em mim, que não mais me acompanharia em tantas aventuras por aí.
A última vez em que a experimentei ela ainda fechava. Bem
apertada, é preciso dizer, mas fechava. Guardei num cantinho do armário na
esperança de voltar ao corpo de antes. “Cinco quilos a menos e ela ficará
perfeita novamente”, pensei.
O tempo passou, a gordura do corpo deu lugar a músculos, e o
meu corpo mudou mais. Aí lembrei da calça e resolvi experimentá-la novamente.
Após um primeiro momento de tristeza comecei a reparar melhor em mim e vi que
as mudanças pelas quais passei não eram negativas.
Na verdade eu estava bem melhor do que naquela época, graças
aos exercícios. Então eu não tinha motivos para chorar. Eu tinha que ficar
feliz por aquela calça não mais me servir. E foi o que fiz. Coloquei numa
sacola, doei a calça para alguém que viveria novas aventuras com ela e fui
comprar uma nova, que combinasse mais com a minha atual personalidade.
Com as pessoas podia ser igual, né? Não cabe mais na minha
vida? Pode ir, siga em frente e vá fazer outra pessoa feliz. Assim, sem lágrimas, sem dor, sem sofrimento.
Mas não, não é. Não é mesmo...
Mas não, não é. Não é mesmo...
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