terça-feira, 25 de agosto de 2015

Esqueci de sonhar

Eu acho que esqueci como é que se sonha. Sabe como é, né? Foram muitos sonhos frustrados, muitas coisas que eu desejei, que eu planejei, que faziam tanto sentido – e eram tão vivas! – na minha mente mas que, na prática, tiveram o rumo extremamente oposto, que eu apenas parei de sonhar. Até o ponto em que eu esqueci como se faz isso.

Mas eu já fui boa nesse negócio de sonhar. Eu tinha sonhos incríveis, grandiosos, lindos e bem coloridos. Eram daquele tipo que faziam um sorriso bem largo se abrir só de pensar neles. Daqueles que faziam os olhos brilhar quando eu os contava para alguém. Que me fazia flutuar por aí, invés de caminhar. Eles me faziam levantar da cama cantando e dançando todos os dias. Porque só de sonhar com aquilo eu já ficava feliz. Aquele tipo de felicidade que enche a alma. Tanto a minha, quanto a de quem estava por perto.

Não sei em que momento exatamente as cosias saíram do eixo. Como naqueles vídeos de efeito dominó, meus sonhos foram caindo, um a um. Talvez eu tenha me concentrado muito em sonhar e pouco em correr atrás para os realizar. Ou talvez eu tenha deixado a minha felicidade transparecer demais, e isso tenha incomodado a algumas pessoas, que acabaram por contribuir com o fim de um sonho aqui, outro lá.

Enfim, meus sonhos antigos foram desmantelados, e eu não consigo sonhar novos. Me sinto perdida, sem rumo, sem um chão firme para pisar – talvez porque tenha flutuado demais. E me sinto velha demais para sonhar. Isso é coisa de menina, que acredita em contos de fadas. Mas aí vem uma vozinha lá de dentro e sussurra no meu ouvido: você só precisa de novos sonhos, menina, você sempre foi muito boa nisso. E lá vou eu tentar me lembrar de como se faz para sonhar mais uma vez...

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Felicidade incomoda

Sempre ouvi dizer que a felicidade dos outros incomoda. Mas nunca dei muita importância para isso. Achava que era só uma frase pronta, daquelas bem clichês, que viram posts / indiretas nas redes sociais. Achava que só desejava o nosso mal e só nos invejava quem não era nosso amigo. Na minha cabeça, amigo de verdade fica feliz pela felicidade do outro.

E eu adorava compartilhar a minha felicidade com todo mundo. Eu tinha um sorriso fácil no rosto, talvez até meio bobo. Eu cantarolava pelos quatro cantos. E eu falava sobre a minha felicidade com todo mundo. Eu acreditava que falar de felicidade era uma maneira de a propagar.

Mas, infelizmente, com o tempo eu percebi que aquele clichê lá de cima, aquela frase pronta, era verdade. A felicidade alheia realmente incomoda. Ao ponto de algumas pessoas, até supostos amigos, tentarem atrapalhar. Não acredito que sejam pessoas más. Prefiro acreditar que são pessoas frustradas. Que não souberam aceitar e lidar com a felicidade do outro.

Mas isso é triste demais. Hoje eu me sinto obrigada a guardar o meu sorriso só para mim, a cantar somente no chuveiro ou no carro, quando ninguém está prestando atenção. E o que é pior, tornou meu mundo mais cinza e muito menos feliz...