Eu confesso que nunca me achei lá grandes coisas. Não que me
considerasse a pessoa mais burra, horrorosa ou chata do mundo. Eu apenas achava
que não era boa o suficiente. Que não tinha talento algum para coisa alguma.
Mas
um dia me peguei tentando definir o tal do suficiente. Qual unidade de medida
que se usa? E como diabos se faz para medir isso? Depois de muito tempo queimando os meus neurônios eu desisti
e apenas me conformei com a minha sentença.
Eu achava que eu tinha que ser mais inteligente, mais dedicada, mais
bem-sucedida, mais amiga, mais simpática, mais forte, mais magra, mais alta, mais
tudo! E eu não era nada disso...
E isso me fez tão mal. Fez-me tão mal que eu comecei a me
achar cada vez menos. Passei a ler e reler duas ou três vezes os textos para entendê-los.
Afastei-me de pessoas queridas. Até a andar levemente curvada eu comecei.
Até que, durante uma conversa trivial, uma pessoa começou
com o mesmo discurso que o meu. Conforme ela falava sobre seus motivos de não ser boa o suficiente, a ficha foi caindo para mim. Aquilo
que fazia uma pessoa não se achar boa o suficiente era algo em que eu era muito boa!
Então eu percebi que o suficiente sou eu quem define. Eu
achava que não era boa o suficiente porque eu estabeleci parâmetros elevados
demais. Quer dizer, inalcançáveis. Onde eu estava com a cabeça? Em que mundo
uma pessoa de apenas 1,56m de altura vai atingir metas tão absurdamente
elevadas?
Não é questão de se conformar com nada. Não, com certeza
não é esta a questão. Só o que preciso é redefinir meus parâmetros mais reais,
para a vida de uma pessoa real e normal.
* Para Mônica
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