quarta-feira, 3 de abril de 2013

Boa o suficiente


Eu confesso que nunca me achei lá grandes coisas. Não que me considerasse a pessoa mais burra, horrorosa ou chata do mundo. Eu apenas achava que não era boa o suficiente. Que não tinha talento algum para coisa alguma. 

Mas um dia me peguei tentando definir o tal do suficiente. Qual unidade de medida que se usa? E como diabos se faz para medir isso? Depois de muito tempo queimando os meus neurônios eu desisti e apenas me conformei com a minha sentença. Eu achava que eu tinha que ser mais inteligente, mais dedicada, mais bem-sucedida, mais amiga, mais simpática, mais forte, mais magra, mais alta, mais tudo! E eu não era nada disso...

E isso me fez tão mal. Fez-me tão mal que eu comecei a me achar cada vez menos. Passei a ler e reler duas ou três vezes os textos para entendê-los. Afastei-me de pessoas queridas. Até a andar levemente curvada eu comecei.

Até que, durante uma conversa trivial, uma pessoa começou com o mesmo discurso que o meu. Conforme ela falava sobre seus motivos de não ser boa o suficiente, a ficha foi caindo para mim. Aquilo que fazia uma pessoa não se achar boa o suficiente era algo em que eu era muito boa!

Então eu percebi que o suficiente sou eu quem define. Eu achava que não era boa o suficiente porque eu estabeleci parâmetros elevados demais. Quer dizer, inalcançáveis. Onde eu estava com a cabeça? Em que mundo uma pessoa de apenas 1,56m de altura vai atingir metas tão absurdamente elevadas?

Não é questão de se conformar com nada. Não, com certeza não é esta a questão. Só o que preciso é redefinir meus parâmetros mais reais, para a vida de uma pessoa real e normal. 


* Para Mônica

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