Comparação quase nunca é algo bom. Todo mundo sabe que no fundo devemos pensar em nós mesmos, que o nosso ontem deve ser o único parâmetro para o nosso hoje. Mas no mundo competitivo em que vivemos isso acaba não sendo muito possível. Acabamos sempre nos comparando um pouco com os outros. Seja com aquele colega do escritório que progrediu mais na carreira, seja com a vizinha que conseguiu emagrecer 10kg, seja com aquela sua prima - chata – mas que já casou e tem uma família feliz, ou, no meu caso, seja quando você resolve entrar em uma competição mundial que definirá a pessoa mais condicionada do mundo, o Crossfit Games.
Com certeza essa comparação, dessa forma, não é saudável. Inúmeros motivos te levaram a uma situação diferente daquela em que a pessoa com quem você se compara está. Situações, vivências, experiências pelas quais você tinha que passar, porque um dia elas te levarão para algum destino, ou pelo menos te ajudarão a enfrentar outras situações similares.
Mas aí eu parei para pensar um pouco e percebi que nem sempre a comparação vai ser algo ruim. No fundo, o mal que isso pode gerar vai depender muito da maneira como você vai olhar para aquele cenário do que qualquer outra coisa.
Mais uma vez, voltemos ao meu caso. Eu quase coloquei os pulmões para fora para completar 150 repetições em uma prova que a primeira colocada fez mais de 380. Mas essa comparação é até que tranquila de resolver: ela é profissional da área, sua vida está dedicada ao esporte. Ela tem OBRIGAÇÃO de fazer mais que o dobro que qualquer ser humano comum!
Enquanto que eu tenho um trabalho que eu amo demais, mas que demanda muitas horas de dedicação e que exige que volta e meia eu viaje para cá e para lá (leia-se perder treinos). Além disso, eu gosto de sair com minhas amigas, beber, dançar a noite toda, comer besteira... Uma infinidade de coisas que obviamente impactam no resultado de qualquer atleta, em qualquer competição.
Mas uma olhada melhor no placar geral e eu fiquei bem triste. Vi pessoas que tem trajetórias parecidas com a minha (trabalham muito, começaram no esporte a mais ou menos o mesmo tempo que eu, tem peso parecido...) com mais de 30 repetições na minha frente. Foi aí que eu deixei a comparação se tornar algo ruim.
Foi duro aceitar que eu realmente não fui bem. Após a mini-crise existencial e de pensar muito se devo continuar no esporte que tanto gosto e que me ensinou a superar tantas coisas, resolvi refletir melhor sobre aquilo. Respirei fundo e aceitei o meu resultado como sendo o melhor que eu poderia obter no dia de hoje. Isso não quer dizer que eu não posso melhorar, que essas 150 repetições são o meu limite e que eu sou uma pessoa fraca. Mas que, naquele dia, sob as condições que eu estava, aquele era o meu melhor resultado.
Então lembrei de algo que ouvi diversas vezes no ginásio em que treino: se alguém conseguiu, é porque é possível! E passei a usar a comparação para algo positivo. Invés de olhar para os outros e lamentar, eu resolvi olhar para os outros e me espelhar neles. Porque se os outros conseguem, eu também consigo!
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